O Brasil está envelhecendo em um ritmo mais rápido. Nos últimos 12 anos, o número de idosos aumentou quase 60%.Parabéns, Sisneide! Setenta e nove anos com saúde e alegria.“É bom ser idoso. Atualmente, eu me sinto uma mulher feliz”, diz Sisneide Nobre Chaves, de 79 anos.
O IBGE informa que a aniversariante está muito bem acompanhada – e não só por algumas das setentonas mais barulhentas do país. O Censo revela que o Brasil tem mais de 22 milhões de pessoas acima dos 65 anos – quase 11% do total de habitantes. Um recorde. O envelhecimento como regra, e não como exceção, faz com que grupos cada vez maiores consigam viver com autonomia e com alegria até bem mais tarde. E assim, o Brasil vai aprendendo a envelhecer. Mas o desafio é grande porque o ritmo do envelhecimento no Brasil é bem mais rápido que o de outros países. Enquanto a população brasileira cresceu 6,43%, o número de pessoas idosas cresceu mais de 57% em relação a 2010. “Na França, foram necessários 145 anos para dobrar a proporção de sexagenários de 10% para 20%. O Brasil vai fazê-lo entre 2011 e 2030, em 19 anos, o que a França foram necessários 145”, pontua o médico Alexandre Kalache. Se o Brasil está envelhecendo rapidamente, a nadadora Elaine Romero quer mostrar que é possível ser rápida em qualquer idade. Aos 75 anos, ela é um orgulho do Brasil nas piscinas. É tanta medalha que vira música. “As pessoas me dizem: ‘Nossa, você não aparenta a idade que tem’. E aí eu costumo dizer: ‘Pois é, mas sou conservada em cloro’”, brinca Elaine. A família da Elaine é um exemplo das mudanças retratadas no Censo. Ela tem um filho, uma filha e nenhum neto.
O Brasil estava acostumado aos desafios de ser um país de jovens, representados na base do gráfico. A expressão “pirâmide etária” era quase automática para descrever a população. Mas a partir dos anos 1990, a base da pirâmide começou a se estreitar. O Censo de 2022 mostra que o formato mudou de vez: a pirâmide virou um balão. “Até a década passada, nasciam 3 milhões de crianças por ano. Agora, nós estamos aproximadamente com 2,5 milhões crianças por ano. Então, são 500 mil crianças a menos por ano que nascem. Então, isso define o ritmo do crescimento populacional e o ritmo do envelhecimento populacional também”, explica Izabel Guimarães Marri, gerente de análise da dinâmica demográfica do IBGE. O mapa do Brasil revela que a Região Norte é a mais jovem do país. Em Roraima, quase um terço da população tem até 14 anos. O Sul e o Sudeste têm as populações mais envelhecidas, e o Rio Grande do Sul tem o maior percentual acima dos 65 anos – logo à frente do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. A cidade com maior índice de envelhecimento do país também está no Rio Grande do Sul. Em Coqueiro Baixo, 30% dos moradores têm mais de 65 anos. O prefeito diz que idosos de outras cidades até se mudam para lá. “O nosso pessoal aqui vive mais, porque eles têm uma vida mais saudável. A nossa região aqui é bem tranquila”, afirma Valmor José Salve, prefeito em exercício de Coqueiro Baixo. Se você tem 35 anos, está na faixa que separa o Brasil ao meio: metade da população tem mais de 35, e a outra metade tem menos. É a chamada idade mediana, que aumentou seis anos desde o último Censo. “Ao longo da sua história, o Brasil sempre teve um manancial de pessoas jovens. Esse aqui não serve? Substitui. Não vai ter mais disso, não. Vamos fazer que, ao longo do curso de vida, você possa preparar o idoso de amanhã que possa ser produtivo, ativo, saudável. Para isso, você precisa de políticas públicas”, diz o médico Alexandre Kalache.
No Brasil, as mulheres têm expectativa de viver sete anos a mais do que os homens, que estão mais sujeitos a mortes violentas. Isso contribui para uma outra realidade divulgada nesta sexta-feira (27) pelo IBGE: o Brasil está cada vez mais feminino. Para cada 100 mulheres, existem 94 homens no país. No Censo anterior, eram 96. A cidade de Santos é a que tem a maior desigualdade entre os sexos. Para cada 100 mulheres, são menos de 83 homens. O maior porto do país já se adaptou a essa realidade. Tarefas que antes eram reservadas aos homens agora são delas. Rita e Paula são operadoras de costado. Traduzindo: elas são responsável por amarrar grandes navios. As duas dizem que é pura técnica, mas quem duvida da força que elas têm? “Um sonho. Quebra barreiras, você conseguir ir além dos seus limites, se sentir capaz, saber que você consegue é muito bom”, diz Paula Santana.
Número de idosos cresce de forma acelerada no Brasil, aponta IBGE
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